Tema

O blog se trata, de modo geral, do movimento artístico ocorrido entre 1924 e 1945, o Surrealismo, um movimento extremamente contestativo que acreditava no inconsciente aplicado ao cotidiano. Um de seus principais artistas foi Joan Miró, que tinha um estilo artístico extremamente inovador e fora do comum, além de ser uma pessoa de caráter introvertido. Como Miró, com sua estética totalmente diferenciada dos padrões surrealistas conseguiu se destacar entre os membros do grupo? Uma vez que Miró foi um dos mais importantes, mesmo com uma estética fora do padrão, o que caracteriza um movimento artístico?
Além disso, o blog também pretende discutir se o movimento surrealista pode ou não ser considerado datado, ou seja, se só teve sentido na época em que ocorreu.

Um aviso: o blog deve ser lido na ordem do último texto da página para o primeiro.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Movimento Artístico

Um movimento artístico vai muito além da estética. Não podem ser descritos apenas por tópicos que lhes caracterizem e permitam sua identificação, uma vez que, como vimos, existem exceções, como Joan Miró. O movimento artístico se trata, além da estética, de uma política, uma ideologia, e por essa razão permanece influente mesmo após seu fim.


Podemos dizer que Miró sintetiza esse conceito de movimento artístico, uma vez que seus trabalhos vão além de uma estética padrão, de modo que ele não se resume por sua estética. Sua importância no movimento surrealista se deu principalmente pelo seu envolvimento com as idéias presentes durante o movimento, tanto no Primeiro como no Segundo Manifesto Surrealista. Conseguia de fato exercer a idéia da libertação do inconsciente, o que se manifestava em suas obras consequentemente.


Portanto, um movimento artístico se trata principalmente de seu entorno, do contexto em que estão vivendo os criadores desse movimento. No caso do Surrealismo, seus artistas viviam em um contexto de decepção por parte dos intelectuais e um clima de fim de mundo, com o entre guerras e a 2° Guerra Mundial, além de certo confronto com a burguesia.

Tal contexto levou os artistas a se fazerem uma série de questionamentos, propondo assim em 1924 o movimento surrealista, cujas idéias foram extremamente inovadoras. As idéias sobre o inconsciente de fato fizeram sentido durante tal período, porém é questionável se isso ainda faria sentido nos dias atuais.
A libertação do inconsciente proposta fez sentido sobre a decepção sofrida pelos artistas e sobre o clima de guerra vivido por eles, porém essa idéia não se mantém influente na ideologia contemporânea. Esse fato faz do Surrealismo um movimento datado, uma vez que as idéias propostas só fizeram sentido durante aquele período e contexto. Entretanto, a estética e o modo de pintar espontaneamente proposto pelo do movimento foi influente na arte contemporânea.

Houve porém uma idéia exercida pelos surrealistas, herdada do Dadaísmo que permanece na arte atual, que é o questionamento do conceito de arte. Os artistas continuam se questionando o que é a arte e qual é o seu valor. Um exemplo disso é Vik Muniz, artista brasileiro que altera grandes obras como a Mona Lisa de Leonardo da Vinci, Fazendo uma versão com pasta de amendoim, questionando o valor dessas obras.




Portanto, o movimento surrealista foi de fato um movimento datado, mesmo que tenha uma influencia estética, uma vez que o movimento artístico se trata principalmente não da estética, e sim de sua ideologia. Entretanto, suas idéias, dentro de seu contexto, eram inovadoras e revolucionárias.

1- Joan Miró
2- Joan Miró
3- René Magritte
4- Vik Muniz

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Miró e o Movimento Surrealista




Com o início da 1º Guerra Mundial e o fim da Belle Èpoque, houve uma decepção por parte de diversos intelectuais, com o pensamento de que esse seria o fim do mundo. Com isso surgiram na Europa diversos movimentos artísticos totalmente inovadores e a frente de seu tempo, denominados Vanguardas, que depois se difundiram pelo mundo, criando um novo conceito de arte.
O movimento chamado Surrealismo não se manifestou apenas nas artes plásticas, mas também no cinema, no teatro e na literatura, e permitiu a interligação entre esse quatro tipos de arte. Teve, além de sua estética abstrata e onírica, uma ideologia e uma política, a última expressa pelo segundo manifesto escrito por André Breton.
Os artistas que pertenciam a esse movimento acreditavam que o inconsciente humano deveria ser liberto, sendo assim pintavam e produziam da forma mais espontânea possível. Além disso, tais artistas negavam os valores burgueses. Tiveram forte influência do movimento dadaísta, questionando assim o conceito de arte e sua própria condição como artistas.
Como já vimos, o surrealismo possuía uma determinada estética, marcada, nas artes plásticas, por figuras da realidade deslocadas do contexto e condensadas, além de que as obras tentavam transmitir algum sentimento. Por meio de tais elementos, as pinturas se assemelhavam a um sonho, o que era pretendido pelos artistas, já que era por meio dos sonhos que o inconsciente se manifestava. Essas idéias sobre a vida onírica surgiram por meio de Sigmund Freud, inventor da psicanálise, e aderidas pelos surrealistas.

Ao observarmos pinturas de alguns artistas surrealistas, como Salvador Dalí (sendo ele um dos mais conhecidos), e as compararmos com as obras de Joan Miró, vemos grande diferença, sendo assim difícil associar Miró ao Surrealismo. Mesmo com uma estética que difere dos demais artistas do movimento, foi considerado um dos mais importantes, o que faria portanto, que não a estética, com que esse artista pertencesse ao movimento surrealista?
Miró, ao entrar em contato com o grupo de artistas formadores do movimento, aderiu devido à possibilidade de “criar a fusão entre imagens poéticas e visuais”. O Surrealismo não pretendia considerar a arte como um fim, mas sim como a possibilidade de, por meio dela, se alcançar outras coisas, algo com que Miró concordava. Ele pretendia utilizar a pintura como um meio de alcançar um outro nível, que, para ele, seria a poesia. O Surrealismo portanto era uma forma de ele alcançar isso.
Ele acreditava que havia algo radicalmente absurdo na arte tradicional, em que as obras se assemelhavam a fotos, e que essas pinturas apresentavam uma compreensão deplorável do verdadeiro significado da arte, uma vez pareciam superficiais, falsas.
“O contraste entre o realismo sóbrio das obras originais e a extravagante fantasia de Miró ajudou-o a responder a pergunta: devemos opor o realismo à imaginação, ou são ambos partes complementares da mesma totalidade? Ele estava bem apto a provar que, embora fantasiando, seria capaz de instaurar uma realidade estética válida, compreendida e apreciada como tal.”*
Desde que começou a pintar, Miró sempre possuiu certa revolta aos valores tradicionais da arte. Ao se mudar para Paris, conheceu importantes artistas na qual fez amizade, como André Breton, Paul Eluard e Louis Aragon. Apresentaram o movimento a Miró, que por sua vez, aderiu, se identificando com as idéias surrealistas, presentes no 1º Manifesto. A partir desse ponto, passou a explorar a idéia do inconsciente e sua criatividade, incentivado então pelos artistas que conheceu.
Podemos dizer que Miró foi, entre os surrealistas, um dos que mais foi afundo dentro dos ideais do movimento, e trabalhou com esses do modo mais verdadeiro. Alguns de seus quadros até chegaram a ser pintados durante alucinações causadas pela fome.
É curioso que a estética surrealista seja exemplificada por quadros, por exemplo, de Salvador Dalí, que apesar de um dos mais famosos, não foi a fundo no movimento e teve pouca permanência no grupo, além de ter brigado com parte de seus integrantes. Mas isso não tira totalmente sua importância, uma vez que ele foi essencial à divulgação do movimento, podendo assim ser considerado o publicitário do Surrealismo.
É evidente que Miró possa ser considerado um surrealista, mesmo com a estética diferenciada. Observando suas obras, vemos figuras oníricas, quase como alucinações, vemos sentimentos expressados nessas obras. E, além disso, suas idéias são totalmente compatíveis com as do movimento. Portanto, uma vez que sua estética difere dos demais surrealistas, e ele continua a fazer parte do grupo, é questionável: o que é, e o que caracteriza, um movimento artístico?


*trecho retirado de Miró - grandes artistas, Roland Penrose, Editora Verbo

O Surrealismo em Outras Artes

A arte surrealista não se expressou somente nas artes plásticas, mas também na literatura, com escritores como André Breton e Paul Éluart, no cinema, com Luís Buñuel e no teatro, com o dramaturgo Antonin Autaud. Alguns dizem que foi nas artes plásticas que o movimento melhor se expressou, porém todas foram de extrema importância. Joan Miró, por exemplo, acreditava que as artes plásticas era o seu meio de ele ir além e chegar na poesia.

Na literatura, um dos principais escritores foi André Breton, que em 1924 escreveu o Primeiro Manifesto Surrealista. Os escritores tinham como característica a rejeição pelo romance e a poesia tradicional e são a favor do uso do inconsciente para a livre associação de idéias. Procuravam expressar em seus poemas suas idéias de mundo, sem uma preocupação com a forma. Procuram despertar sentidos em seus leitores, se assemelhando muito ao simbolismo (movimento que começou em 1886) nesse sentido.

SEUS OLHOS SEMPRE PUROS (Paul Éluart)

Dias de lentidão, dias de chuva,
Dias de espelhos quebrados e agulhas perdidas,
Dias de pálpebras fechadas ao horizonte dos mares,

De horas em tudo semelhantes, dias de cativeiro.

Meu espírito que brilhava ainda sobre as folhas
E as flores, meu espírito é desnudo feito o amor,
A aurora que ele esquece o faz baixar a cabeça
E contemplar seu próprio corpo obediente e vão.

Vi, no entanto, os olhos mais belos do mundo,
Deuses de prata que tinham safiras nas mãos,
Deuses verdadeiros, pássaros na terra
E na água, vi-os.

Suas asas são as minhas, nada mais existe
Senão o seu vôo a sacudir minha miséria.
Seu vôo de estrela e luz, Seu vôo de terra, seu vôo de pedra
Sobre as vagas de suas asas.

Meu pensamento sustido pela vida e pela morte.


No cinema, o principal diretor foi Luís Buñuel, diretor de Um Cão Andaluz, um dos principais filmes surrealistas. O filme apresenta cenas que não possuem relação umas com as outras, além de não apresentar um enredo, sendo a intenção do diretor apenas provocar emoções no espectador (assim com na literatura).

A Política Surrealista

O Surrealismo, além de sua vertente que acreditava no inconsciente humano no cotidiano, possuía uma vertente política, expressada no Segundo Manifesto Surrealista de André Breton escrito 6 anos após a publicação do primeiro. Alguns artistas como Salvador Dalí não estavam envolvidos com tais ideais políticos, surgindo assim uma divergência no grupo.
A parcela dos artistas que eram favoráveis a essa vertente política lutavam principalmente contra a burguesia e seus ideais. Acreditavam que a burguesia era uma instituição extremamente controladora, e por esse motivo impediria a concretização dos ideais surrealistas. Muitas pessoas chegavam a dizer que o movimento tinha ideais comunistas, o que não era verdade, por mais que muitos integrantes, devido a esse confronto com a burguesia, eram de esquerda.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Dadaísmo


Durante a 1ª Guerra Mundial, ocorrida entre 1914 e 1918, a Suíça foi um país neutro, fazendo que durante esses anos o país recebesse refugiados vindos de diversos países envolvidos na guerra. Para a população, e principalmente grupos de intelectuais (que mais tarde formariam o grupo dos dadaístas) ver esses refugiados causou um forte impacto, levando a uma sensação de que essa guerra estaria levando ao fim do mundo. Juntamente a isso, o início da guerra levou ao fim do período chamado de Belle Époque, em que surgiram pela Europa diversos movimentos artísticos, como o cubismo, o futurismo e o simbolismo, que gerou nos intelectuais uma forte decepção.
Foram esses fatores que levaram Tristan Tzara e Hugo Ball, em 1916 na cidade de Zurique, criar o movimento artístico chamado Dadaísmo. Segundo relatos, a escolha do nome foi aleatória: Tzara abriu o dicionário e apontou um nome, que foi “dada”. No grupo haviam artistas de diferentes nacionalidades,entre eles Marcel Duchamp, já que a Suíça abrigou muitos refugiados de guerra.
A desilusão causada pelo início da guerra e o medo de isso levar ao fim do mundo levou os artistas a questionarem o próprio conceito de arte que existia, e até a si mesmos (não de consideraram artistas). Negavam, assim como os simbolistas e os surrealistas, as ciências, valorizada pelos positivistas durante o período da Belle Époque. Era um tipo de arte totalmente inovador, por ser o primeiro a negar valores tradicionais, e propunha uma ideologia totalmente inédita, onde o artista tenta se desligar do mundo real.
O Dadaísmo foi à principal influência dos Surrealistas, movimento que surgiu em 1924. Ambos os movimentos tiveram por base as teorias de Freud do inconsciente. Os surrealistas, assim como os dadaístas acreditavam que a pintura devesse ser feita com a maior espontaneidade possível, também acreditavam que não eram artistas e negavam as ciências. Portanto, podemos dizer que as idéias do Surrealismo surgiram nessas condições de contestamento do mundo e de grande decepção, levando esses artistas a tentar esplorar a inconsciência.


Receita para fazer um poema dadaísta



"Pegue um jornal.Pegue a tesoura.Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.Recorte o artigo.Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.Agite suavemente.Tire em seguida cada pedaço um após o outro.Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.O poema se parecerá com você. E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público." (Tristan Tzara)


http://pt.wikipedia.org/wiki/Dada%C3%ADsmo

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Um Cão Andaluz


Um filme de Luís Buñuel e Salvador Dalí


O trecho a seguir foi escrito por Luís Buñuel para uma exposição no Museu de Arte de São Francisco em 1947, tratando do filme Um Cão Andaluz (Un Chien Andalou):
“Historicamente, este filme representa uma violenta reação contra o que se chamou, na época, cinéma d'avant-garde, gênero que era dirigido exclusivamente no sentido da sensibilidade artística e do raciocínio do espectador, com seu jogo de luz e sombra, seus efeitos fotográficos, sua preocupação com a montagem rítmica e a pesquisa técnica e, às vezes, no sentido de exibir um estado de espírito perfeitamente convencional e barato. A esse grupo de cinéma d'avant-garde pertenceram Ruttmann, Cavalcanti, Man Ray, Dziga Vertov, René Clair, Dulac, Ivens etc.Em Um cão andaluz, o cineasta tomou posição pela primeira vez num plano puramente POÉTICO-MORAL (o termo MORAL deve ser tomado no sentido do que governa os sonhos ou as compulsões parassimpáticas). Na elaboração da trama, todas as idéias de preocupação racional, estética ou outras com assuntos técnicos foram rejeitadas como irrelevantes. O resultado é um filme deliberadamente antiplástico e antiartístico, quando medido pelos cânones tradicionais. A trama é o resultado de um automatismo psíquico CONSCIENTE e, dentro desse padrão, não procura narrar um sonho, embora se aproveite de um mecanismo análogo ao dos sonhos. As fontes em que o filme vai buscar inspiração são as da poesia, livres do lastro de razão e tradição. Seu objetivo é provocar no espectador reações instintivas de atração e repulsa. ( A experiência demonstrou que este objetivo foi plenamente alcançado).Um cão andaluz jamais teria sido criado se não tivesse existido o movimento conhecido como surrealista, pois sua ideologia, sua motivação psíquica e o uso sistemático da imagem poética como arma para derrubar conhecimentos existentes correspondem às características de toda obra autenticamente surrealista. O filme não tem a intenção de atrair ou agradar ao espectador; ao contrário, ataca-o até onde ele pertence a uma sociedade com a qual o surrealismo está em guerra.O título do filme não é arbitrário, nem resultou de uma piada. Possui estreita relação subconsciente com o tema . Foi escolhido entre centenas de outros por ser o mais adequado. Como curiosidade, vale mencionar que o título chegou a produzir obsessão entre os espectadores - algo que não teria ocorrido se sua escolha tivesse sido arbitrária.O produtor-diretor do filme, Buñuel, escreveu o roteiro em colaboração com o pintor Dali. Ambos partiram do ponto de vista de uma imagem onírica, que, por sua vez, buscava outras através do mesmo processo, até que o todo tomava forma de continuidade. É bom notar que, quando uma imagem ou uma idéia surgia, os colaboradores a abandonavam imediatamente se nascida de uma lembrança ou de sua bagagem cultural ou se, simplesmente, tinha associação consciente com qualquer idéia anterior. Aceitavam como válidas apenas aquelas representações que, embora os comovessem profundamente, não tinham explicação possível. Naturalmente, rejeitavam as limitações da moralidade e razão costumeiras. A motivação das imagens era, ou procurava ser, puramente irracional! São tão misteriosas e inexplicáveis para os dois colaboradores como para o espectador. NADA, no filme, SIMBOLIZA COISA ALGUMA. O único método de investigação dos símbolos seria, talvez, a psicanálise.”


O curta foi produzido na França no ano de 1928. O roteiro do filme foi escrito pelo pintor Salvador Dalí e foi considerado um dos primeiros filmes surrealistas da história, marcado por cenas oníricas e sem nexo entre elas, apenas com o objetivo de despertar emoções no expectador. Além disso explora alguns aspectos da psicanálise de Freud, assim como o próprio surrealismo, deixa explicito também a idéia do subconsciente proposta pelos surrealistas. Como disse Buñuel, “Um cão andaluz não existiria se o surrealismo não existisse”.
Sua estréia foi aclamada pela platéia e pelo grupo de intelectuais, entre eles André Breton. Porém, por ser um filme extremamente inovador, no sentido de que nada parecido nunca havia sido publicado, sua estréia causou uma reação de inaceitação muito forte no público mais conservador.
No filme, Buñuel e Dalí fazem uma série de questionamentos, porém não têm a intenção de respondê-los. Levanta um conceito surrealista de "uma navalhada no olho da sociedade” por meio da famosa cena em que um homem corta o olho de uma mulher com uma navalha. Um Cão Andaluz explora assim os sonhos, o inconsciente, fazendo com que não haja um enredo específico, apenas seqüências de imagens, que é outro aspecto inovador do filme.
Vídeo de uma entrevista dada por Buñuel: http://www.youtube.com/watch?v=qi3d03KaVw8
Fonte:
http://www.pco.org.br/livraria/programacao/ciclobunuel/bunuelfilmehtm?target=
http://www.pco.org.br/livraria/programacao/ciclobunuel/roteiro.htm?target=
http://recantodasletras.uol.com.br/resenhasdefilmes/100439
http://cinephilus.blogspot.com/2004/05/um-co-andaluz-ttulo-un-chien-andalou.html
http://www.tempopresente.org/index.php?option=com_content&task=view&id=1936&Itemid=83

A Interpretação dos Sonhos


As idéias surrealistas do inconsciente foram todas baseadas nas teorias de Sigmund Freud (1856-1939), inventor da psicanálise. Sua obra A Interpretação dos Sonhos mudou a maneira de se pensar o homem, trazendo a idéia do inconsciente humano e da vida onírica.
Essa vida onírica seria a vida nos sonhos. Freud acreditava que no sonho realizamos desejos que não podemos realizar na vida real, assim tendemos a esquecê-los, porém nosso inconsciente os manifesta em forma de sonhos. Desse modo, são a expressão mais forte do inconsciente. Os sonhos têm por característica a falta de senso, seguem uma lógica própria, diferente da do consciente, o que causa certo estranhamento ao sonhador.
Há grande divergência de pensamento quando se trata de se a moral de um homem permanece em sua vida onírica. Alguns acreditam que a consciência permanece totalmente silenciosa durante o sono, sendo assim, um homem pacífico por exemplo seria capaz de cometer um assassinato em seu sonho e nem sentir ao menos um sentimento de remorso. Por outro lado, existe uma outra teoria de que as características morais de um homem continuam inalteradas em sonhos. Nesse caso, se o homem citado cometesse tal assassinato, sentiria durante o sonho um forte sentimento de culpa. Freud era partidário de um meio-terno entre essas duas idéias, de que o homem é responsável por seus sonhos, porém não completamente.
Para Freud, existem três mecanismos do sonho. O primeiro é o mecanismo da figurabilidade. Em sonhos, elementos abstratos, sentimentos como medo, ansiedade, entre outros são transformados em imagens. O segundo é a condensação, em que o sonho mistura imagens e acontecimentos aleatórios na vida do indivíduo em um só momento ou imagem. O último mecanismo é o deslocamento, na qual as imagens e o tempo na vida onírica são deslocados, ou seja, acontecimentos passados por exemplo aparecem como presentes.
Os surrealistas, seguindo essas idéias, tentavam expressar muitas vezes o que viam em suas vidas oníricas, como é o caso de Um Cão Andaluz, em que o filme se parece com um sonho. Tentavam, ao resgatar os sonhos, resgatar também o inconsciente, muito expressivo durante tais sonhos. Podemos observar isso evidentemente nas pinturas surreais, que tentam expressar sentimentos através de imagens, além de que apresentam elementos da realidade condensados e deslocados, assim como um sonho.
Fontes:
http://www.comciencia.br/resenhas/sonhos.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud
Edição Standard Brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud- Imago editora LTDA.